A Tartaruga Augusta, seus amigos e as habilidades especiais – desenhos de Alexandre Zilahi, setilhas de Clarice Villac

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A Tartaruga Augusta – desenho de Alexandre Zilahi

A Tartaruga Augusta, seus amigos e as habilidades especiais

                                                                                                 Clarice Villac

Ela tem muitos amigos
É a Tartaruga Augusta
Com várias habilidades,
gosta de ler e é justa.
Gli Umani é o que lê
à sombra do grande ipê
e quase sempre se assusta.

Seus amigos, curiosos
para ouvir sua leitura
em volta dela se juntam:
“Do que trata essa aventura?”
“História do ser humano…
com engano e mais engano…
é cultura imatura…”

Vão ouvindo e pensando
“E se a gente ajudasse?”
Todos eles se animaram
“Alternativas mostrasse?”
“Cada um com sua luz”
– diz Jurema, a Avestruz
“Sairiam desse impasse!”

Somos todos preciosos
“Nós, abelhas cooperamos
brincando de flor em flor”
“Nós, corujas, observamos”
Todos temos qualidades
Poderes, capacidades!
O planeta, transformamos!

Juntos tiveram a ideia:
Vamos mostrar pras crianças
Elas contam pros adultos
É possível a mudança
Cada um do seu jeitinho
Com cuidado e carinho
E com toda a confiança!

_____

Setilhas de Clarice Villac, 07.04.2024,
para desenhos de Alexandre Zilahi.

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Gli Umani – imagem de Alexandre Zilahi

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Alexandre Zilahi

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Faróis no Caos – crônica de Clarice Villac

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Joaquim Villac e Clarice. Fonte Simão, Campos do Jordão, SP, década de 1960.

Faróis no Caos*

                                                                                                Clarice Villac

 “… Não fica no chão…
Reconhece a queda, e não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima!”
[1]

“Para que chorar o que passou
Lamentar perdidas ilusões
Se o ideal que sempre nos acalentou
Renascerá em outros corações!…”
[2]

“Vestiu uma camisa listrada
E saiu por aí…”
[3]

Que a vida nos reserva um caleidoscópio de experiências e emoções, é um sentimento que constatamos ainda na primeira infância, mesmo que não seja consciente.

Por vezes, a intensidade é tamanha, que recorremos, quase sem perceber, a nossos Faróis.

São feitos de matéria impalpável, flashes de momentos que nos iluminam com o calor de um amor feito de sinceridade, delicadeza, empatia, criatividade. Ficam bem guardados em nosso íntimo, reservatórios de força imensurável.

Como as tardes em que meu pai dizia para eu ir pegar um brinquedo que era um estojo de madeira, com tampas pintadas para jogar damas de um lado, e trilha do outro, e dentro havia várias repartições com as peças brancas e pretas de damas, as coloridas para a trilha, dadinho, as varetas para o pega-varetas, baralho de animais para jogar mico… E me ensinava os truques, incentivava e vibrava com os lances dos jogos… Usávamos grãos de feijão como fichas e a diversão era garantida.

Houve um semestre em que na aula de Ciências foi pedido para as crianças que observássemos a germinação de um grão de feijão, num pote de vidro, com algodão umedecido, e anotássemos num diário o que ia acontecendo. Fiquei encantada com a experiência, e a multipliquei com as sementes mais variadas que pude encontrar, alpiste, painço, abacate, azeitona, era uma grande quantidade de potes de vidro que eu observava e cuidava… Mas chegaram as férias de julho, e íamos passar o mês todo longe, fiquei muito aflita… Até que meu pai chegou em casa com uma bela caixa de papelão e me ajudou a arrumar todos os vidros, tomando cuidado com as folhinhas já se desenvolvendo… E ao chegar no nosso destino, acomodamos todos no parapeito de uma janela, um lugar seguro e adequado para que a experiência continuasse bem-sucedida…

Acredito que isso, vivências amorosas como essas formem um potencial dentro da gente, que nos fortalece e protege nas ocasiões em que os desafios da vida parecem quase intransponíveis.

Ainda, tive a sorte de meu pai gostar de assobiar e cantar sambas, boleros, tangos, com graça e intensidade…

Pela vida afora, quando está tudo muito confuso, nebuloso, tempestuoso, essas canções surgem na minha cabeça, me ajudam a prosseguir, são meus Faróis no Caos…

______________

* Este texto foi criado a partir de um desafio do grupo Literário Literarts: criar um texto cujo título seja de um livro. O livro que me inspirou é: Faróis no Caos, Entrevistas de Ademir Assunção. São Paulo: Edições Sesc, 2012. Escrito em 09.03.2024.

[1] Volta por Cima, composição de Paulo Vanzolini, cantada por Noite Ilustrada.

[2] Luzes da Ribalta, versão de Braguinha, vulgo João de Barro, para Limelight de Charles Chaplin.

[3] Camisa Listrada, Assis Valente.

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Um mar que não tem tamanho… – minicrônica de Clarice Villac

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Um mar que não tem tamanho…

                                                                                                               Clarice Villac

Estava eu dando uma espiadinha no facebook, quando me aparece um anúncio, com a foto de um esmalte cor de conchinhas do mar, chamado “Fim de tarde em Floripa”!

Desta vez, me surpreendi!

A carinha feliz da Minie, que nunca foi minha heroína predileta, com seu lacinho de fita em forma de borboleta recém-pousada… impossível ignorar…

Faz mais de 40 anos que não tenho a oportunidade de visitar esse lugar lindo do nosso patropi… a vida vai rolando, os momentos a gente tenta, a cada um, que sejam bonitos e valiosos…

Vão-se os anéis, ficam os dedos…

E a lembrança das conchinhas do mar…

Clarice Villac
04.03.2024

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Gênese – Maria de Fátima Barreto Michels

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Gênese

                Maria de Fátima Barreto Michels

Se preferes ouvir
Direi que te amo
Só que, mesmo o sentimento
É construção
Não te iludas

Amor é inventadoria
São ventos fortes
E na cegueira da procela que é o mundo
Inventamos o ninho
A tempestade é parideira.

___________________

Maria de Fátima Barreto Michels, Santa Catarina, 10.11.2023.
imagem: Kat Fedora, The Green Man:
https://www.instagram.com/p/CrLqL6hMvkm/

 

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Normal – conto de Ezio Frezza Filho

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Normal

                                                                        Ezio Frezza Filho

Normal, é o que eu gosto de ser. Não sou dado a extravagâncias, de nenhuma ordem. Quero dizer, nada de esquisitices ou de excentricidades. Prefiro as coisas comuns, triviais. Vivo dentro da normalidade. Igual todo mundo. Detesto ser diferente, por atos ou palavras, por roupas, por adornos pessoais ou, sei lá, por qualquer outro negócio. Não sou dado a fantasias, a invencionices ou a manias. Detesto balda e vareio particulares pelo simples fato de que isso atrairia as atenções alheias sobre a minha pessoa, o que para mim seria insuportável.

Aprecio passar despercebido, dentro do comportamento esperado; por isso é que me encerro em minha própria vivência e permaneço alheio ao mundo nos cerca. Tanto quanto possível, claro. Tenho poucos entretenimentos; poucos, porém saudáveis. Por exemplo, aprecio contar quantos miriápodes eu mato por dia, sobretudo em lugares úmidos, onde estes bichinhos aparecem. Dou a eles o nome de trenzinhos, pelos graciosos trejeitos que fazem ao caminharem. No pátio do estacionamento do supermercado onde trabalho, por exemplo. Eles vão saindo das trincas dos ladrilhos ou das gretas entre o piso e as paredes – e é então que eu os caço. Vão em alta velocidade e tenho que ser esperto para esmagá-los. Nem sabia que eram da classe dos miriápodes; só soube disso recentemente, pesquisando na internet: é assim que classificam os inofensivos piolhos-de-cobra, pequeninos seres pretos com centenas de patas. Para mim não importa o nome pomposo, nem quantas patas têm. Continuam sendo meus trenzinhos.

Vou esmagando e contando: vejo um aqui, e raspo a sola do sapato sobre ele; ali outro, dois. Lá um terceiro, pimba! E já são três. E depois, quatro, cinco, seis. E assim sucessivamente. Até atingir a meta que me impus na ocasião. Adoro me desafiar. Estabeleço objetivos, que devo cumprir em determinado tempo. Me imponho regras, nada é aleatório nessa arte de esmagar trenzinhos. Não paro enquanto não chegar a dez. Quando chego ao último, uma certa frustração me atinge. E então eu recomeço, às vezes até diminuindo a meta, quando sinto impossível cumprir novamente o mesmo número. Ou aumentando. Confesso que é difícil parar.

Em épocas de chuvas, aparecem com maior frequência. O desafio dos dez fica mais fácil de cumprir e então aumento a meta: me imponho liquidar 15. Demora um pouco mais, mas consigo. E assim vou fazendo todos os dias, antes de entrar no trabalho, logo de manhã. Na hora do almoço, me imponho um limite maior. Estou mais desperto e digo de mim para comigo mesmo: tens que conseguir liquidar 20! Almoço correndo e me ponho à caça: atraso-me um pouco na entrada após o almoço, mas, enfim, que glória! Vinte trenzinhos na conta.

Meu chefe não gosta de ver os rastros do meu sapato na guarita. Nem dou bola. Se ele pede com grosserias, fica muito bravo, então eu limpo o lugar. Limpo mais ou menos, quero dizer, até ele sair de perto. É um cara chato e vive pondo defeitos no meu serviço. Chega a ser ríspido, inclusive. É que ele não compreende o quanto o meu trabalho é muito chato. Ele é chato e o meu trabalho é chato. Veja: sou encarregado de registrar o fluxo de carros entrando e saindo do estacionamento: anoto o número da placa num papelzinho e registro a entrada; depois, recebo de volta o papelzinho e registro a saída, para evitar que entrem carros acima do limite. São 50 vagas, um número elevado, o que explica algumas confusões que eu faço.

É um trabalho repetitivo e por demais enfadonho. Não gosto destas repetições. Não sou um autômato, não tenho paciência para essas tarefas maquinais. A mim me parecem sem qualquer sentido. Mas é o trabalho que tenho. E eu preciso dele. São carros e mais carros, entrando e saindo todas as manhãs. Entrando e saindo todas as tardes. Todos os dias. Todas as semanas. Meses, enfim, numa rotina de entra e sai que não acaba nunca. Para passar o tempo, fico, fico pensando nos trenzinhos e, por vezes, me perco na contabilidade e entram mais carros do que cabem. E lá vem o meu chefe, de novo, o babaca, me dando bronca. De vez em quando ele pergunta: onde é que está com a cabeça, rapaz? Eu nem respondo. Finjo que não escuto.

Para tornar o meu trabalho mais gostoso, já tentei de tudo. Experimentei contar os carros por categoria: contar até 5 fuscas amarelos entrando no estacionamento. Ou, então, cinco verdes. É até gostoso, mas não me dei bem nisso; os fuscas são mais raros e não suporto deixar de cumprir as tarefas que me imponho. Fazer a contagem com carros mais modernos, também já tentei. Mas não tem graça, pois são muitos e previsíveis; muito fácil de concluir o trabalho.

Gosto mesmo é de contar os trenzinhos. Vez ou outra, quando minhas metas são maiores, fica difícil encontrá-los. Encontrar 40, por exemplo, já vi que é quase que impossível, demora muito encontrá-los – e é o que justifica, claro, meus atrasados na portaria. Essa caçada não é coisa assim tão fácil de se fazer; exige olhos atentos para qualquer movimentação.

Requer ligeireza, pois que logo o dito cujo some nas frestas ao menor sinal de minha aproximação. Outro ponto que me faz atrasar no trabalho é quando eu me perco na contagem. Vez ou outra acontece. Porque sou criterioso em tudo que faço: se a minha tarefa era eliminar 25, por exemplo, então não posso me dar ao luxo de me contentar com apenas 24. Se, ao contrário, ao invés de 25, eu percebo que matei 26, então eu devo chegar aos trinta, ou seja, chegar a um número mais redondo. Sempre em múltiplos de cinco. Enfim, são coisas que apenas dificultam essa minha atividade particular e que poucas pessoas compreendem. Pensam que é fácil caçar trenzinhos. Engano. Aliás, nada é tão fácil como parece. E meu chefe é um incompreensível. Irascível. Pede demais. Manda demais. É exigente demais. É fora de qualquer medida. Dizem que ele é perfeccionista, mas isso eu não sei se é. Para mim, ele pode ser tudo nessa vida, menos uma coisa: decididamente, ele não é normal!

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Conto de Ezio Frezza Filho, publicado em seu blog: Luar de Agosto, em 02.11.2023.
https://luardeagosto25.blogspot.com/
https://luardeagosto25.blogspot.com/2023/11/conto-normal.html

Imagem encontrada em:
https://br.freepik.com/fotos-premium/flor-amarela-abstrata-pintada-com-pinceladas-confusas-geradas-por-ia_40967936.htm

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Friozinho de outono – haicai de Clarice Villac

gatinho

friozinho de outono –

um gato, um filme, outro sonho…

e muitos poemas!
.
.
.

Clarice Villac
23.05.2023
Imagem encontrada em: https://br.pinterest.com/pin/140806229533684/

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Rara – Aquarela de Alexandre Zilahi

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Aquarela e edição de Alexandre Zilahi, março 2022,

texto de autor desconhecido.*

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Para conhecer mais aquarelas & desenhos de Alexandre Zilahi :
Alexandre Zilahi

Para conhecer as outras artes de Alexandre Zilahi:
http://www.zilahi.com.br

no Youtube:
http://www.youtube.com/user/zilahi55

Para conhecer Animações de Alexandre Zilahi:
https://www.youtube.com/channel/UCIwYzuoykU5hUVcsPDrza7g

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* Pessoas assim, me encantam, Alexandre e sua Arte, pessoas sinceras e originais.
Se não formos verdadeiros, de que adianta a convivência?
O agora é pra valer.

– Clarice Villac, 04.04.2022, 26.03.2022.

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Verão tropical – Clarice Villac

Diego-e_o_por-do-sol_14.02.2022

Verão tropical

ao entardecer
um respiro, inspiração
pausa estratégica
magia irrepetível
percepção
céu em movimento
e as luzes da cidade

 

poema de Clarice Villac, 15.02.2022
para foto com Diego Villac, de 14.02.2022.

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Lá vou eu! – poema de Áurea Maria Guimarães

trem_chegando

Em tempos difíceis, num dia difícil, palavras já ditas nos inspiram,
fazendo a vida fluir.

…………………………………………………………………….. Áurea Maria Guimarães

Sem carinho
sem coberta
e essa dor que não cabe no mundo.

Capoeira
Ziquizira
Valentia
Liberdade?

É pau
é pedra
Pedra ou afeto?
Atiro pedras

Os pés pelas mãos
Resto de toco
Povo sozinho
O trem se foi

Fim da ladeira
Fim da canseira
Lucidez da solidão
Tenho que ficar a sós
calar a voz
folgar os nós

Devagarzinho a vida vai se ajeitando
sonha a velha menina
com a promessa de vida em seu coração

O trem está chegando
Pedras por afetos
A secura pode acabar
Esse trem eu não perco
Lá vou eu
sem cordas pra segurar
alegrar meu coração
sem saber o que vou encontrar

22/01/2022
Sem poesia a vida fica irrespirável.

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(imagem encontrada na internet,
autoria desconhecida)
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“História do Xuí”, “O escudo”, “A perna do Saci” – histórias contadas por Roberto Isler, Clarice Villac e Amauri de Oliveira

11ª sessão de contação de histórias, realizada por contadores da Confraria do Conto, no projeto “Festival Caminhos da Literatura” da Cia Xekmat.

Nesta apresentação os contadores Amauri de Oliveira e Roberto Isler com a “História do Xuí“, Clarice Villac contando “O escudo” e Amauri de Oliveira com “A perna do Saci“.

Projeto realizado com recursos da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e Prefeitura Municipal de Santa Bárbara d’Oeste.

(Realização e apresentação no 1º semestre de 2021.)

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